Benefício
Caixa faz último depósito do Bolsa Família
Mesmo com indefinições, programa social será substituído pelo Auxílio Brasil que terá parcela mínima de R$ 400,00
Carlos Queiroz -
Na sexta-feira, a Caixa Econômica Federal realizou o depósito da última parcela do Bolsa Família, que após 18 anos de existência será substituído pelo programa Auxílio Brasil. A iniciativa do governo federal, estabelecida através da Medida Provisória 1.061, de agosto deste ano, terá parcelas mensais mínimas de R$ 400,00. Entretanto, existem indefinições sobre o projeto, já que a proposta ainda precisa da aprovação de um Projeto de Lei no Congresso Nacional.
Anunciado no dia 20 de outubro pelo ministro da Cidadania, João Roma, o novo programa de auxílio a pessoas vinculadas ao Cadastro Único (CadÚnico) e ao Sistema Único de Assistência Social (Suas) estabelece que, assim como já era praticado no Bolsa Família, o valor pago terá variação conforme a composição familiar. A previsão de início do pagamento é para novembro e terá um reajuste linear de 20% ao mês, quando - em dezembro de 2022 - todos deverão receber a parcela mínima de R$ 400,00. Poderão receber o auxílio famílias em situação de pobreza e de extrema pobreza. No caso da primeira opção, o benefício só será concedido se a família possuir em sua composição gestantes ou pessoas com até 21 anos incompletos.
Atualmente, a proposta está tramitando no Congresso e aguarda a aprovação de um Projeto de Lei que permita a transferência de R$ 9,3 bilhões do Bolsa Família para o Auxílio Brasil para que os recursos possam ser, então, repassados.
Procura pelo auxílio é intensa em Pelotas
Em busca de adesão ao programa, a procura do público pelos Centros de Referência de Assistência Social (Cras) tem sido intensa nos últimos dias em Pelotas, segundo a Secretaria de Assistência Social (SAS). O ponto mais procurado é a unidade central do CadÚnico. Atualmente, 10.334 pelotenses estão registrados no Bolsa Família e deverão a receber através do novo programa. De acordo com a SAS, 68.938 pessoas possuem Cadastro Único no município.
O diretor executivo do Cadastro Único da SAS, Maicon Machado, explica que a Medida Provisória garante a transferência automática dos beneficiários do Bolsa Família para o novo auxílio. Ele ainda diz que as inscrições no CadÚnico não necessariamente são para receber o Auxílio Brasil. Ele é a porta de entrada para todos os benefícios sociais, como seguro defeso, parcelamento das contas de água e luz, entre outros.
Uma ajuda necessária
Impossibilitada de trabalhar devido ao distanciamento social, Márcia Regina Furtado, 44, passou a ter o Bolsa Família como principal fonte de renda. Em sua casa, no bairro Getúlio Vargas, moram ao todo seis pessoas e durante a pandemia a situação só não foi pior pois contava com o pagamento de R$ 187,00 do programa social e a doação de sacolas entregues pela ONG Anjos e Querubins. Antes, ela atuava como faxineira, mas conta que com a crise sanitária acabou não sendo mais chamada para trabalhar. "Às vezes eu faço uns bicos, faço doce em casa para ter alguma coisa, porque só o gás tá cento e poucos reais", comenta.
A realidade de Maria de Fátima Gomes não é muito diferente. Aos 62 anos, e com problemas para conseguir se aposentar, ela conta que precisou começar a catar material reciclável para vender, na busca de um complemento na renda. No entanto, precisou parar após a roda de seu carrinho cair e não ter dinheiro para mandar consertar. Apesar de a atividade ajudar um pouco financeiramente, ela lembra das dificuldades de percorrer o Getúlio Vargas em busca de itens. "É muito cansativo, mas sem isso é pior", comenta. A idosa revela que, em média, consegue R$ 10,00 por dia ao comercializar os recicláveis.
Na última sexta-feira, Maria de Fátima recebeu a última parcela do auxílio emergencial de R$ 250,00. O valor é um pouco maior do que os R$ 129,00 que recebia do Bolsa Família. Mesmo com a previsão de pagamento mensal de R$ 400,00 pelo novo programa, a dona de casa diz que o valor ainda é pequeno se comparado com o custo de vida atual. "Não é o suficiente, pois a gente precisa pagar água, pagar a luz, comprar remédios. Olha, como tá agora o preço das coisas, eu acho que está muito pouco ainda", comenta.
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